Negociações

Certo dia, passando na rua lateral do HGV, me vi numa calçada estreita, e um velhinho andava bem devagar logo a minha frente. Sabe aquelas situações em que você tem pressa, quer andar rápido, mas tem alguém na tua frente te atrapalhando, e a menos que vc o derrube não dá pra fazer nada? O velhinho parecia vindo do interior, de chapeu de palha, alpercatas (como eu chamo e muita gente chama aquelas sandálias masculinas) de couro, roupa surrada e cabeça baixa. De repente ele encontrou uma conhecida; era uma mulher de mais ou menos 50 anos, vestida "pra matar" (de medo ou de sei lá o que), sutiã a mostra, saia curta, maquiagem e cabelos soltos bem desgrenhados. Seu corpo quase não cabia naquela, digamos assim, vestimenta. O velhinho mal a cumprimentou e já cobrou algo àquela senhora. Não entendi nada do que ele falou inicialmente, mas aguardei discretamente a resposta dela. A mulher respondeu que por enquanto o que ele queria estava em falta, mas que assim que chegasse uma bem novinha e virgem que tivesse no ponto ela iria avisá-lo, além disso, a mulher lembrou que o valor do serviço seria mais alto do que o de costume, pois era uma peça rara, mas não seria nada absurdo. O senhor não pareceu importar-se com valores, e nem queria esperar, demonstrando isso em um resmungo indignado. Agora eu não tinha mais pressa, queria saber todos os detalhes daquela conversa, tive vontade de sentar e ouvir tudo, só que cadê a cara?
Nunca mais vi o velho ou a mulher.
Fui dormir pensando em como ela convenceria essa menina a entregar sua imaturidade a esse velho, ou, será que seria preciso converncer? Ou o que seria dessa menina depois disso.
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